Inevitavelmente a Carapuça Serve

     Durante este último mês (Setembro para quem não sabe) estive sempre em casa da minha mãe. Quase sempre, houve uma noite em casa do meu pai. Como eram os últimos dias de férias queria pôr tudo pronto para mais um ano lectivo, mas a única coisa que fiz foi por leituras em dia (foram três livros e meio), de resto passei o tempo ou na cama ou no sofá. Houve uma ocasional corrida, uma ou outra saída com amigos, mas pouco mais. Estive apático. 

     Todos sabem que eu sou uma pessoa quieta e metida consigo, que gosto de estar em casa e só saio quando sei que a companhia vai ser mesmo boa, ou saio sozinho porque sei que onde vou é brutal. Se as duas coisas combinarem melhor. Mas voltando ao assunto, eu estar quieto não costuma preocupar ninguém, mas a minha mãe andava preocupada. Eu percebia porquê, mas não lhe dava razão. Nunca dou, ela sabe, eu sei, todos sabem, que eu estou sempre bem, principalmente para os outros que têm a sua vida para se preocuparem. 

      Mas tu sabes que eu tive de desligar, é mais fácil, claro que a minha mãe não sabe o que sou eu a desligar, apesar de me conhecer há muitos anos (para mais de dez), mas é por me conhecer bem, que percebeu que algo não batia certo. Claro que eu percebi o que ela queria dizer com as suas perguntas subtis, tu também tinhas percebido se estivesses ali, mas claro que contigo ali não tinha havido perguntas nenhumas.

      Vim para Lisboa, e apesar de estar activo os dias demoram mais a passar (claro que levantar antes das oito deve ajudar nisso), como é que um dia a fazer tanta coisa demora mais tempo a passar do que um dia sem fazer nada? É o bem estar simulado que faz com que tudo custe mais? Aqui já ninguém pergunta nada, já não posso fingir o meu desinteresse em relação ao assunto. Já não há a minha mãe para perceber que o meu "tanto me faz" é só uma fachada.