sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Criar


Nos últimos tempos tenho me dedicado a observar relações entre pais e filhos e a educação dada no geral. Eu sei que não tenho autoridade nem maturidade para criticar educações, e não é isso que vou fazer, mas bem podia ser o que ia fazer, já que há situações bastante tristes. Eu vou falar de outra coisa, muito mais abstracta (claro).
Quais são as razões para ter filhos? (para além do engano técnico, que não é bem uma razão para os ter, mas uma razão do porquê de ter acontecido). Não vou estar a enumerar porque deve haver uma mão cheia delas e muitas delas sem sentido, principalmente os que acham que é o passo seguinte num relacionamento humano (depois dos outros todos). Por amor também é um bocado ilusório, mas é dos mais convencionais, e deve ser o que resulta melhor, mas esse amor não pode acabar mal a criança nasça (isso não era bem amor, acho, mas eu sei pouco). 
Sei que provavelmente não vou criar consenso, ou não terei ninguém a apoiar-me nesta minha ideia, mas já que se falha tanto por ai, não custa nada botar a ideia para o mundo e depois tentar desviar todas as pedras com o olhar. Mas abram bem os olhos, ou a mente e limpem as ramelas e não comecem logo a dizer que não, deixem de ser convencionais que isso não leva a lado nenhum (eu não sou um jovem revoltado contra a sociedade).
Criar um filho a pensar na criança e não em nós (porque ter um filho por amor é claramente a pensar em nós, dai a falha do amor). Escolher o “pai” da criança (e aqui digo pai sem aludir a nenhum sexo em especifico) de acordo com a capacidade que a pessoa tem de formar um bom ser humano, não estou a falar de genética, estou a falar de educação. Porque há claramente pessoas mais capazes do que aquele marido maravilhoso que até é bem jeitoso e às vezes faz o jantar e diz que a mulher é linda, mas que mal o filho sai do hospital depois de nascer e já lhe espetou um boné do Benfica na cabeça. Ou a mulher que é espectacular na cama e até deixa sempre ir jogar poker com os amigos, mas depois quer a criança ao pé dela para ver as novelas. (Nada contra o Benfica ou novelas, são só exemplos). São boas pessoas, até podem ser bons seres humanos que reciclam e ajudam o Banco Alimentar nas suas recolhas, mas se calhar não são boas para crianças. Já sei que estou a ser demasiado qualquer coisa, eu sou assim. Não tenho amigos.
Ainda não consegui bem dizer o que queria, mas a ideia está bem formada na minha mente, e se calhar até já perceberam e já começaram a pensar nas pessoas que os rodeiam. Também começaram a pensar que eu ainda não pensei bem na coisa, e que uma criança que não cresça no seio de um casal não é boa coisa, mas eu acredito que duas pessoas adultas que amam uma criança é melhor do que muitos casais (eu não sou contra casais, atenção!). Duas pessoas adultas que sabem o que cada uma vale e que confiam plenamente um no outro. Já estão a perceber, eu sei que sim.
Provavelmente podia ainda dizer muita coisa sobre o assunto, principalmente sobre como isto não é uma brincadeira, que uma criança é uma coisa importante na vida e uma decisão destas não pode ser tomada de animo leve. Mas esta ideia já existia em mim há algum tempo, já a tinha exposto a ideia a alguém que achou absurda (talvez seja), mas depois de ver crianças que não parecem felizes, a ideia apareceu de novo, mas um bocadinho mais madura. 

2 comentários:

Inês disse...

também tenho saudades do inverno, dias assim são um mimo.

hum, devo dizer que adoro aquilo que escreves no blog :)

David Pires disse...

Inês, muito obrigado! :)