terça-feira, 17 de maio de 2011

Passado

     Ontem o passado passou-me à frente e eu escondi-me, sou um menino. Se há coisa que não gosto é de ter de falar com o passado, o passado de há dez, ou de há cinco, há sempre aquela coisa estranha em volta. Mas ontem consegui esconder-me, ou então o passado fez que não me viu (mas eu também fazia que não via alguém que acabou de saltar para o meio de um arbusto). A cena do arbusto é mentira, estava simplesmente à espera do metro, o passado estava lá dentro e eu mudei-me para a porta do lado antes do metro parar. 
      Este passado até não era nada importante, nem intimo, mas é daqueles que mete muita pergunta e sorrisos falsos. Aborrecia-me. Podem criticar à vontade, mas não há paciência, e ainda por cima era S. Sebastião, se fosse noutra estação era só cumprimentar, entrar e eu seguia a minha vida. Mas o raio do passado apanhou-me em S. Sebastião! (para quem não sabe, nesta estação o metro fica parado durante uns cinco minutos, porque é estação terminal e é o mesmo metro que chega que vai). Fiz bem em fugir.

2 comentários:

alexandra disse...

Quando não se quer cruzar com o passado mais vale fugir!
Se o meu passado aparece-se à frente queria que fazer de conta que não o vi e seguir adiante.

David Pires disse...

Somos uns medricas!